Da Oração em Geral – Catecismo de São Pio X
O Apostolado Sagrado Coração em Oração apresenta o Capítulo I “Da Oração em Geral” do Catecismo Maior de São Pio X, uma obra fundamental da doutrina católica tradicional que nos ensina os fundamentos da vida de oração cristã.
Como um dos quatro pilares do nosso apostolado – a Oração – ocupa lugar central em nossa missão, compartilhamos este ensinamento tradicional da Santa Igreja para fortalecer a vida espiritual dos fiéis devotos ao Sagrado Coração de Jesus.
PARTE SEGUNDA – Da Oração
CAPÍTULO I – Da oração em geral
253. Que é tratado na segunda parte da doutrina cristã?
Na segunda parte da doutrina cristã é tratada a oração, em geral, e o Pai-Nosso, em particular.
254. Que é a oração?
A oração é uma elevação da mente a Deus para adorá-Lo, dar-Lhe graças e pedir-Lhe o que precisamos.
255. Como se distingue a oração?
A oração se distingue em mental e oral. A oração mental é a que se faz apenas com a mente; a oração vocal é a que se faz com as palavras, acompanhadas da atenção da mente e da devoção do coração.
256. Há outra maneira de se distinguir a oração?
A oração pode se distinguir em privada e pública.
257. Qual é a oração privada?
A oração privada é a que cada um faz em particular para si ou para os outros.
258. Qual é a oração pública?
A oração pública é a que fazem os ministros sagrados, em nome da Igreja e pela salvação do povo fiel. Pode-se chamar pública também a oração feita em comum e publicamente pelos fiéis, como nas procissões, nas peregrinações e no templo sagrado.
259. Temos esperança bem fundamentada de obter por meio da oração os auxílios e as graças de que necessitamos?
A esperança de obter as graças de que necessitamos é fundamentada nas promessas de Deus onipotente, misericordioso e fidelíssimo, e nos méritos de Jesus Cristo.
260. Em nome de quem devemos pedir a Deus as graças de que necessitamos?
Devemos pedir a Deus as graças de que necessitamos em nome de Jesus Cristo, como Ele mesmo nos ensinou e como pratica a Igreja, a qual termina sempre suas orações com estas palavras: per Dominum nostrum Jesum Christum, isto é: por Nosso Senhor Jesus Cristo.
261. Por que devemos pedir a Deus as graças em nome de Jesus Cristo?
Devemos pedir a Deus as graças em nome de Jesus Cristo porque, sendo Ele o nosso mediador, só por meio d’Ele podemos nos aproximar do trono de Deus.
262. Se a oração tem tanta virtude, por que muitas vezes as nossas orações não são atendidas?
As nossas orações muitas vezes não são atendidas ou porque pedimos coisas que não convêm à nossa salvação eterna ou porque não pedimos como se deve.
263. Quais são as coisas que devemos principalmente pedir a Deus?
Devemos principalmente pedir a Deus a sua glória, a nossa salvação eterna e os meios para alcançá-la.
264. Não é lícito pedir também bens temporais?
Sim, é lícito pedir a Deus também os bens temporais, mas sempre com a condição de que sejam conformes à Sua santíssima vontade e não sejam obstáculo à nossa salvação eterna.
265. Se Deus sabe tudo o que nos é necessário, por que se deve rezar?
Embora Deus saiba tudo o que nos é necessário, ainda assim quer que Lho peçamos, para reconhecê-Lo como provedor de todos os bens, para atestar-Lhe a nossa humilde submissão e para merecermos os Seus favores.
266. Qual é a primeira e melhor disposição para tornar eficazes as nossas orações?
A primeira e melhor disposição para tornar eficazes as nossas orações é a de estar em estado de graça, ou não estando em estado de graça, desejar ao menos recolocar-se em tal estado.
267. Quais outras disposições são necessárias para bem orar?
Para bem orar, são necessários especialmente o recolhimento, a humildade, a confiança, a perseverança e a resignação.
268. Que quer dizer orar com recolhimento?
Quer dizer pensar que falamos com Deus, e por isso devemos orar com todo o respeito e a devoção, evitando quanto possível as distrações, isto é, todo pensamento estranho à oração.
269. As distrações diminuem o mérito da oração?
Sim, quando nós mesmos as buscamos, ou melhor, quando não as repelimos com diligência. Mas, se fizermos quanto possível para estarmos recolhidos em Deus, então as distrações não diminuem o mérito da nossa oração, antes o podem até acrescer.
270. Que é necessário para se fazer oração com recolhimento?
Antes da oração devemos afastar todas as ocasiões de distração e durante a oração, devemos pensar que estamos na presença de Deus, que nos vê e escuta.
271. Que quer dizer orar com humildade?
Quer dizer reconhecer sinceramente a própria indignidade, impotência e miséria, acompanhando a oração com a compostura do corpo.
272. Que quer dizer orar com confiança?
Quer dizer que devemos ter firme esperança de sermos atendidos, se disto deriva a glória de Deus e o nosso verdadeiro bem.
273. Que quer dizer orar com perseverança?
Quer dizer que não nos devemos cansar de orar se Deus não nos atender prontamente, mas que antes devemos continuar a orar com ainda mais fervor.
274. Que quer dizer orar com resignação?
Quer dizer que nos devemos conformar à vontade de Deus, o qual conhece melhor do que nós quanto é necessário para a nossa eterna salvação, mesmo no caso em que as nossas orações não fossem atendidas.
276. Que efeitos produz em nós a oração?
A oração faz reconhecer a nossa dependência de Deus, Senhor supremo de todas as coisas; faz-nos pensar nas coisas celestes e progredir na virtude, alcança-nos de Deus misericórdia, fortalece-nos contra as tentações, conforta-nos nas nossas necessidades, e alcança-nos a graça da perseverança final.
277. Quando devemos orar especialmente?
Devemos orar especialmente nos perigos, nas tentações e na hora da morte; devemos, ademais, orar frequentemente, e é bom que isto seja feito de manhã, à noite e ao início das ações importantes do dia.
278. Por quem devemos orar?
Devemos orar por todos; a saber, por nós mesmos, pelos nossos parentes, superiores, benfeitores, amigos e inimigos; pela conversão dos pobres pecadores e daqueles que estão fora da verdadeira Igreja, e pelas santas almas do Purgatório.
Santo Tomás de Aquino ensina que a oração é “a elevação da alma a Deus” e que pode ser expressa tanto interior quanto exteriormente, desde que ordenada ao bem supremo e feita com reta intenção. A devoção verdadeira manifesta-se na vontade de servir a Deus com prontidão.
Santo Agostinho, nas Confissões, enfatiza que Deus deve ser buscado “no mais profundo recesso da alma” – o importante é a sinceridade e humildade do coração que se volta para Deus, independente da manifestação externa.